sábado, 8 de setembro de 2012

Teresa Guilherme: "Avaliar-me de zero a dez? Sou um dez. Ou mesmo um onze"



Sem papas na língua e sem medo de responder a qualquer questão. É assim a apresentadora e produtora, que regressa ao ecrã dentro de uma semana para conduzir a terceira edição de 'Casa dos Segredos'. Teresa Guilherme diz ter conseguido sempre tudo o que quis e garante: ama com a mesma intensidade com que odeia.
Estamos a cerca de uma semana da estreia da Casa dos Segredos. O que vai ter esta edição de diferente em relação às anteriores?
Temos vários elementos nesta Casa dos Segredos, começando pela própria casa, que podem e vão ser alterados. Não digo só na decoração. E não, escusa de me perguntar, que respondo já que não visitei a casa. Ela não está pronta, normalmente fica pronta mais em cima, e eu que sou péssima em decoração, por isso só vou ver a casa dois dias antes da estreia. Mas esta casa tem os seus recantos, os seus segredos, os seus quartos secretos. Está bastante mais armadilhada do que as outras.
Tem, como acontece na edição francesa, a Secret Box [área de vidro fumado onde quatro participantes, sem acesso ao som, têm a função de observar os outros inquilinos e adivinhar-lhes os segredos]?
Quiçá!
Pode ser um desses recantos?
Pode ser, mas temos de perceber que os franceses não têm o mesmo orçamento que nós. Não sou eu que tenho, é a TVI e a Endemol. Estamos em crise e faremos tudo pelo melhor do programa, mas obviamente que há contenção de custos. Não vamos copiar os franceses de maneira alguma. Não temos esse dinheiro.
Esta edição teve 88 mil inscrições, mais cinco mil do que a segunda e trinta mil do que a primeira? O aumento de candidatos deve-se ao sucesso de anos anteriores?
Embora o programa seja muito polémico, na segunda edição existiu uma relação muito familiar. Talvez até por influência de eu adorar falar com os pais, de querer saber tudo. Cria-se um ambiente mais familiar e isso retira tabus a quem se queira inscrever e até mais vontade das pessoas em ir. É menos arriscada. Sabem que não vão ser tão espremidas, digamos assim.
Quer dizer, a Teresa faz sempre imensas perguntas...
Mas é sempre com muito amor e carinho. E os pais estão lá, falo com eles. Acaba por ser, pelo menos tento que seja, um programa familiar. E, por mais impossível que isso pareça, tenho conseguido. Já o tinha feito com o Big Brother.
O cada vez maior número de desempregados em Portugal não terá também que ver com esse aumento de inscrições? Afinal, o finalista ganha um bom pé-de-meia.
Até agora nunca se concorreu a Casa dos Segredos por causa de dinheiro. Concorria-se pela fama, experiência e aventura. Este ano, o dinheiro terá provavelmente muito mais peso. Mas não sei se serão os desempregados. Acho que reflete mais as situações familiares complicadas. Não será por estarem desempregados.
Quer dizer que o programa é um escape para pessoas com problemas familiares?
A Casa dos Segredos serve sempre de escape. Eu tenho uma teoria: quando alguém entra para esta casa e deixa um namorado cá fora, não venha dizer que não tem problema. Porque tem. Ninguém vai para dentro de uma casa três meses e deixa o namorado ou a namorada cá fora. Nem o marido. Com tudo a correr bem isso não acontece. É um risco que não se corre. E pode ser um escape neste sentido. Se bem que... quem não gostaria, nesta altura, de poder não ouvir todas as notícias terríveis? Por exemplo, entrar na casa e não saber o que a troika vai dizer daqui a três dias?
Ainda há segredos que a surpreendem?
Então não? [risos] Mas os que me surpreendem não estão no programa.
Porquê? O programa já não tem segredos surpreendentes?
Tem! Há muitos bons segredos. O que quero dizer é que as coisas que surpreendem pela negativa não podem ser aceites. Acho piada ao que me contam na Endemol, aos segredos patetinhas. As coisas extremamente simples que as pessoas acham que são grandes segredos [risos].
"Os espectadores vão mandar na casa"
"Os tempos mudaram, os hábitos dos espectadores mudaram. Há mais espectadores no cabo". Esta sua afirmação pode traduzir-se em que resultados para esta edição?
Mais do que a ameaça do cabo, este ano ainda há outra coisa: o Facebook vai ter uma enorme força, como tem França e no Brasil. Haverá um canal do cabo, como no ano passado, mas a ligação com o Facebook vai ser muitíssimo maior.
É impossível fugir à realidade da multiplataforma?
Era até um disparate. Se nós temos acesso direto à opinião do público, porque haveríamos de fugir dela? Antes pelo contrário. Antigamente, o público não se podia manifestar, agora pode. Este ano, os espectadores vão mandar literalmente na casa. No ano passado lançaram-se muitos desafios, mas desta vez vai ser mais claro.
Desde que o Big Brother se estreou em Portugal, em 2000, que assistimos a casos como os de Mário Ribeiro, preso por assalto à mão armada, e o de Zé Maria, que chegou a tentar o suicídio. Já com a Casa dos Segredos há ex-concorrentes que não conseguiram "fechar" as portas da sua vida. Não se sente responsável por estes destinos?
Nada. As pessoas são adultas e sabem ao que vão. Não estão é à espera que a fama seja uma coisa tão complicada como é, embora a delas seja muito temporária. Não é o caso do João [Mota], que está agora a começar uma carreira. Depois, nunca saberemos se o Mário não tivesse entrado no Big Brother se também seria preso. Estava lá no destino dele, não tem que ver com o programa.
Já não foi o caso de Zé Maria.
A vida do Zé Maria levou um grande abanão. Talvez tenha sido uma coisa difícil para ele, mas mais emocionante do que ter ficado em Barrancos e ter lá continuado. Se o tempo voltasse para trás e ele pudesse entrar outra vez no reality show, ou se lhe perguntassem se voltaria a entrar num outro, acho que a resposta dele seria "sim". É uma coisa emocionante, uma aventura muito gira que milhares e milhares de pessoas querem e só algumas conseguem.
Reality shows como estes não mostram o lado mais negro do ser humano?
Muito pelo contrário. Mostram o lado mais verdadeiro. É mais ou menos como quando tiramos uma fotografia e nos pomos muito direitinhos. Ficamos ali com o nosso melhor ar. Já quando somos filmados mostramos tudo. Aqui não vemos só o lado solar, mas também o lado lunar, o que não é obrigatoriamente mau. Vemos as pessoas irritadas ou sob stress. Nós, que não passamos por esta experiência, não sabemos o que é. Vemos a reação das pessoas a um grande stress e isso é interessante de observar.
"Os arrependimentos são uma fraqueza"
Estreou-se em televisão com Eterno Feminino, faz este mês 22 anos.
Foi? Eu sou absolutamente desprendida... O que está para vir é que interessa, não o que já se fez.
Não olha para trás?
Olho para me lembrar de coisas boas e más, sim, até porque a experiência não se deve desperdiçar. Mas não sou nem de ver fotografias nem de rever os meus programas - a não ser que seja para trabalhar. Devemos fazer as coisas e divertimo-nos na altura. Depois passa.
Olhando para essas coisas boas e más, mudava alguma delas?
Não. O "eu mudava isto" ou "mudava aquilo" não faz sentido... Às vezes, até podemos perguntar "porque é que eu fiz isto?". É porque na altura fazia sentido e entretanto perdemos a memória do motivo que nos leva a fazer algo desta ou daquela maneira.
Encontra justificação para tudo o que faz, quanto mais não seja dizer a si própria que em determinada altura teve uma razão de que já não se recorda?
Os arrependimentos são uma fraqueza. Há que viver com as consequências do que fazemos.
Então nunca se arrependeu absolutamente de nada? Nem de não ter feito algo?
Nunca. As pessoas não fazerem porque têm medo, por isto ou por aquilo, não é uma coisa boa. Acho que não devem dizer tudo aquilo que lhes passa pela cabeça como eu faço. Não recomendo. Por isso, sim, paga-se um preço alto. Mas se voltasse atrás, chamaria outra vez cangalheiro ao Luís Marques? Provavelmente não. Naquela altura fez todo o sentido para mim. Hoje já não me interessa o senhor para lhe chamar seja o que for. Isto, voltando a ele, que estou a dar-lhe uma importância que o homem não tem!
Vamos virar-nos então para o futuro, mesmo hipotético. Que programa desejaria apresentar caso pudesse escolher e sem contingências financeiras e outras?
Este.
(...)
Eu não sou de sonhar com um programa. Digo este, mas se calhar com mais dinheiro para poder fazer mais coisas aos concorrentes, ter uma casa maior... Estou sempre entusiasmada com aquilo que vou fazer a seguir. Se não houvesse crise, o que ia fazer era uma grande peça de teatro. Mas está complicado. Outra coisa qualquer não.
Como se avalia enquanto apresentadora?
De zero a dez?
Pode ser.
Sou um dez! Ou mesmo um onze, como diziam antigamente [risos]! E como produtora também. É terrível pensarem em mim apenas como apresentadora. Isto é uma coisa que faço por hobby. É o meu hobby. Apresentação para mim não é trabalho. Eu só acho que estou a trabalhar quando estou a produzir.
E quando está a fazer teatro está a trabalhar ou é também um hobby?
Às vezes, perguntam-me se estou a trabalhar e eu digo que não. Depois vem-me dizer "então não estás a fazer a peça?". "Ah, pois é, pois é!" Fazer teatro dá imenso trabalho, mas acho que não é trabalho. A minha profissão é a produção. Até a apresentação foi uma coisa gira que fiz, com que me divirto e que vou fazendo.
O que faz de si uma apresentadora com nota máxima? Melhor: o que faz uma boa apresentadora?
Nasce assim. As pessoas nascem mais ou menos carismáticas, digamos assim, atraem uma certa atenção. Eu conheço-me desde sempre com as pessoas focadas naquilo que estou a fazer. Desde miúda. Para o bem e para o mal. Tudo o que eu faço toma umas proporções... Não sou a única, mas é preciso nascer com uma certa [pausa] predisposição. É o destino.
Há uns anos, Francisco Penim disse que Fátima Lopes era a Oprah portuguesa. Depois, dissesse que seria a Júlia Pinheiro. Quem é, afinal, a Oprah portuguesa?
A Fátima é uma pessoa que se interessa muito pelas pessoas. É uma trabalhadora incansável e envolve-se emocionalmente com as histórias que passam pelo programa dela. Não é só prazer, ela sente-se responsável por transmitir aquelas histórias, por acompanhá-las depois do programa acabar. Mas hoje temos excelentes apresentadores em todos os canais, de manhã e à tarde.
Não podia ser a Teresa a "nossa" Oprah?
Porquê? Eu não apresento um programa à tarde há muito tempo... Em que aspeto?
Quis dirigir um canal por cabo. Isso não a tornaria na Oprah Winfrey made in Portugal?
Ah, sim! E continuo interessadíssima em dirigir um canal por cabo. O que disse há uns anos é o mesmo que digo agora. É uma forma de comunicação muito direta e direcionada. É uma coisa que sei fazer. Sei que consigo agarrar num canal por cabo e fazê-lo funcionar. De certeza absoluta. Isso sim, já iria considerar um trabalho interessante. Podem convidar-me [risos]. Acho que não ficavam a perder com a escolha.
Esse desejo já esteve em cima da mesa, mas nunca se concretizou.
Esteve até várias vezes e nunca foi avante por causa da crise. Fica-se sempre à espera de uma época melhor. As nossas televisões estão em verdadeiro rebuliço. Por isso é que acho simpático o público em geral gostar de mim enquanto apresentadora, mas houve uma altura em que achei que não ia produzir mais nada na minha vida e que me ia reformar.
Porquê?
Estava cansada de ter empregados. Não quero ter outra vez, pelo menos agora. Produzir, dirigir... voltou-me o gosto por essa área. Não a voltei a exercer. Ainda. Mas quero voltar. A minha intenção é voltar a produzir programas.
É esse o seu destino?
É o meu objetivo.
E de preferência sem ser patroa...
Tive sempre muitas pessoas que me preocupavam. Se tinham trabalho, se não tinham... Nesta fase deve ser horrível e eu livrei-me disso antes de começar esta crise [em 2008, ano em que vendeu a sua participação na Terra do Nunca Produções à SP]. Gosto de trabalhar com as pessoas, mas não quero que elas trabalhem para mim. Nesta altura, não.
Disse, em entrevista à Notícias TV há quatro anos, que ganhou "o suficiente para estar alguns anos sem trabalhar" com a venda da Teresa Guilherme Produções à SIC, transformada depois em Terra do Nunca Produções, empresa de que ficou sócia e que acabou por ser vendida à SP Televisão. Ainda vive à custa desses rendimentos?
Mas eu estou farta de trabalhar! Não vivo às custas desses rendimentos, mas também não o desperdicei. Não desperdiço dinheiro. Vivo o melhor que posso, como toda a gente.
"Eu queria ir. Eu sou o verbo ir"
Em criança já era assim sem papas na língua?
Não. Era tímida e chorona. Introvertida. Adorava ler, estar em casa. E tinha muitas amigas. É o que se diz. E filha única. Gostava de estar no meu canto. Mas acho que já inventava muitos teatrinhos e organizava festas na escola.
Tem memória dos seus primeiros anos de vida passados no Brasil?
Tenho memórias de odores. Tenho uma ideia ou outra. A primeira imagem que tenho de ver a minha mãe a cantar em palco e eu nos bastidores é claramente no Brasil, mas para mim não é.
Em que é que esses tempos a influenciaram?
Acho que na minha maneira de ser. O sentir-me à vontade. Houve uma altura em que me diziam que eu era africana, por em África as pessoas serem mais extrovertidas. É como os brasileiros: são mais descomplicados. Eu também, estou sempre "numa boa". Tanto me faz estar descalça como estar calçada, estar em pé ou estar sentada. Tenho só de ter um sítio para tomar um duche [risos]. E gosto de falar de toda a gente e de todo o mundo.
Foi isso que a fez querer seguir o mundo da comunicação?
Sabe que são raras as pessoas que me dizem que fazem aquilo que sempre sonharam fazer. A maior parte chegou onde chegou por acaso. E o acaso é uma coisa que não existe para mim. É o destino. É a proteção divina. Eu não sabia o que queria ser, só sabia que queria viajar. Eu queria ir. Eu sou o verbo ir. Mas profissionalmente não sabia o que queria.
Houve uma altura que pensou ser professora.
Isso era porque gostava muito de História. Mas a minha mãe achou uma péssima ideia. Acabei por ir andando. Sempre me ofereci para tudo na minha vida menos para apresentadora. Fui convidada. Eu era secretária, comecei a organizar passagens de modelos, depois uns eventos, depois uns espetáculos, depois uns programas de televisão... Aos 35 anos apresentei o meu primeiro programa.
Começou a apresentar programas tarde, mas ao teatro chegou ainda mais tarde.
E sempre foi uma coisa que me apeteceu fazer: ser atriz. E cantora. Lá está: uma coisa que queria ser. Se bem que numa casa onde só havia cantores é normal. Aos 18 anos cheguei à conclusão de que por ser tímida não ia ter jeito nenhum para ser atriz. Mas ao longo da minha vida fui-me cruzando com imensos atores e eles sempre me disseram para eu experimentar. Quando fiz 50 anos pensei: isto merece um acontecimento. E lá fui para o teatro. Saí-me bem. Tenho-me saído bem, que ainda não parei. Adoro.
Os seus pais eram cantores. Mais tarde, a sua mãe casou-se com Tony de Matos, que também era cantor. Foram influências importantes para as suas escolhas de vida?
O Tony de Matos foi um segundo pai para mim. Teve bastante mais importância na minha formação do que o meu. Ele chegou tarde à minha vida, eu devia ter para aí 17 anos, mas foi essencial no que diz respeito ao convívio familiar. Ainda hoje sinto a falta dele. Todos os dias. Nunca me consegui desligar. A filosofia de vida dele era excecional. Ensinou-me muita coisa. Ainda hoje o sinto presente.
Dizia há pouco que se ofereceu para tudo. É capaz de fazer tudo? Não tem filtro?
A vida, recomendo-o para todas as pessoas, não é "ou", "ou", mas "e", "e". As pessoas limitam-se imenso.
Por vezes têm de fazer opções.
Não têm, não. As pessoas não têm é coragem de "e", "e". É mais "já faço isto, por isso já não posso fazer aquilo". Experimentem trabalhar 23 horas por dia a ver se não fazem tudo. Fazem! Têm é de arriscar e muitas pessoas não estão para isso. Vão pelo mais seguro. Atenção: eu nunca fui empregada de ninguém exatamente para não me sentir tentada a estar segura a coisa nenhuma. Uma pessoa que tem um emprego temporário vai sempre saltando de sítio para sítio. Foi o que me aconteceu.
Foi propositado?
Foi procurado por mim. Mesmo quando tive oportunidade de pertencer aos quadros de empresas não quis.
Por uma questão de liberdade?
Por não querer estar presa. Liberdade é podermos fazer aquilo de que gostamos. É melhor sermos nós a fazer a nossa própria história.
Como uma criança tímida se torna uma mulher sem medo de dizer o que pensa?
É dos zero aos cem, não é? Não sei. Eu tenho uma relação muito infantil com as injustiças. Quando crescemos, aprendemos que a injustiça faz parte do dia a dia. Perguntam-me "para que é que foste dizer isso?". Eu digo porque é verdade. "Está bem, mas mesmo sendo verdade, e se ninguém te perguntou, porque é que dizes?" Isto é a minha mãe a falar, claro. Acho que ela tem toda a razão. Tenho tentado controlar-me. Hoje consigo fazê-lo 80% do tempo. Depois tenho este lado que não resiste a uma boa piada. A história que contei há bocado do Luís Marques foi uma boa piada. Ela vem-me à cabeça... e eu tenho de dizer. Porque na verdade não passa disso: uma piada.
Mas nem todas as pessoas podem entender as suas histórias como piadas. Dizer o que lhe vem à cabeça já lhe trouxe dissabores ou não?
Já trouxe... Essa coisa de dizer tudo... hoje já não sou tanto assim.
Por lhe ter trazido dissabores?
Sim, mas não sei se aprendi. Acho que é mais por já não ter paciência. Não tenho tempo a perder. Há coisas melhores para fazer na vida. Quando trabalhava muitas horas por dia, ou todas as horas por dia, não tinha noção do que havia fora do trabalho. Agora tenho noção que não trabalhar é muito melhor do que trabalhar. Há coisas que gostamos de fazer no nosso trabalho, agora trabalhar outra vez 18 horas por dia, sempre a correr atrás de coisa nenhuma, não.
Quando se propõe dirigir um canal por cabo tem noção de que vai voltar a correr.
Mas não é atrás de coisa nenhuma. É experimentar. É tentar criar algo de novo. Tentar até conseguir trazer uma novidade. Já trouxe tantas! Tenho noção que experimentar e fazer, inventar algo que nunca foi feito, é uma coisa boa. Fazer uma coisa que já fiz 500 vezes nem tanto.
Não digo 500, mas já apresentou muitos reality shows...
Mas isso... Apesar de ser uma coisa que já fiz muitas vezes, como está lá fruta nova e pronta a ser descascada... [risos]. É sempre igual, mas sempre diferente!
Se não tem receio do que diz, tem pelo menos do que pode ouvir? Das críticas?
As críticas bem-intencionadas são as feitas pelos amigos e pelos familiares. Quem está a ver de fora e nem sequer sabe nada das contingências em que as coisas são feitas, não! As opiniões dos outros não me interessam para nada. Interessa-me a do público, que é uma pessoa grande. Sabe que as coisas que mais prazer me dão é ver que os miúdos gostam de mim. Acho que eles me veem como um boneco, que abre muito os olhos e mexe muito as mãos. Dá-me imenso prazer porque não têm filtro. Gosto de ser um desenho animado.
Não sente nada quando lê que é responsável pelo "lixo televisivo" português?
Sinto que é um disparate. São juízos de valor que não entendo. Para já, nunca há só uma pessoa responsável. E se sou responsável por alguma coisa é por produzir e apresentar programas de sucesso. Depois, quem é que classifica os programas? A não ser que quem os classifique ache que os portugueses veem lixo!
Diz que adora crianças mas nunca quis ter filhos. Isso tem que ver com a liberdade que falou e que não quer perder?
Não sei. Sei que desde muito nova sempre disse que não queria ter filhos. Se eu quisesse... Sempre tive tudo o que quis. Nunca se me pôs essa questão. Tenho imensa inveja das minhas amigas que são avós... mas para mim foi uma questão arrumada. Desde sempre. Nunca cheguei à conclusão do porquê.
Bem, é impossível não ter filhos mas ter netos...
Mas eu queria! Sabe que quando eu quero muito uma coisa é com uma força enorme. Com a mesma força que quando não quero.
É de extremos.
Sou. Para o bem e para o mal!

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